Dicas Médicas

segunda-feira, outubro 10, 2005

Glaucoma crônico e hipertensão intra-ocular



O glaucoma crônico simples ou de ângulo aberto é definido como uma doença ocular que pode causar lesão do nervo óptico e perda do campo visual ou ambos por morte de células ganglionares (células cujos corpos celulares se encontram na camada mais interna da retina e axônios se projetam pelo nervo óptico). Tais alterações estão associadas ao aumento da pressão intra-ocular, que é um fator adicional à lesão, mas podem ocorrer com pressão intra-ocular normal. É a segunda principal causa de cegueira no mundo, mas não há estatísticas de sua incidência no Brasil.

Dados importantes que sugerem o diagnóstico:

  • História familiar
  • Aumento da pressão intra-ocular (PIO), o manejo e diminuição desta é o único método eficaz de tratamento.
  • Início insidioso em idosos (>65anos)
  • Sem sintomas inicialmente
  • Perda da visão periférica ocorre em anos
  • Aumento da PIO pode levar a uma escavação papilar, diagnosticado à fundoscopia

Há um componente genético que contribui para o desenvolvimento da doença, a maioria dos casos ocorrem em indivíduos da raça negra e de pouca idade. Não foi demonstrada claramente a causa da diminuição da velocidade da saída do humor aquoso, (essa é a fisiopatogenia básica nos casos que cursam com aumento da PIO) mas sabe-se que há um aumento da quantidade deste e conseqüentemente aumento da PIO comprimindo e lesando as células nervosas da retina. Embora o campo visual se estreite, a visão pode permanecer até o final da doença.

Testes diagnósticos

  • Tonometria (valor normal: 10-25 mmHg)
  • Ofltalmoscopia
  • Testes de campo visual


Prevenção

Indivíduos com mais de 40 anos, com história familiar de glaucoma e negros devem fazer tonometria e oftalmoscopia a cada 3-5 anos.

Prognóstico

A doença iniciada entre 40-45 anos sem tratamento evolui para cegueira completa em média em 20 anos. O diagnóstico e tratamento precoces poderão preservar a visão durante toda a vida na maioria dos casos.

Tratamento

  • Clínico
    Classes Farmacológicas: Beta-bloqueadores (timolol), agonistas adrenérgicos, colinérgicos, pilocarpina, inibidores da anidrase carbônica, acetazolamida (diminui a produção de humor aquoso)
  • Cirúrgico
    Trabeculectomia ( indicada na falha do tratamento clínico)

OBS:Os casos de glaucoma agudo (entidade difeferente da apresentada) cursam com elevação rápida da PIO e constituem uma emergência médica, os sintomas são: dor ocular intensa, visão turva, olho vermelho e pupila dilatada.

4 Comentários:

  • Olá Vanessa, muito interessante essa questão que você levantou.
    Com relação à farmacologia que posso ressaltar é que a adrenalina é um neurotransmissor preferencialmente das sinapses neuroefetoras do simpático. O problema de se admninstrar drogas agonistas adrenérgicos nesse caso, é que o parassimpático tem sua ação diminuida, e a adrenalina que é potencializada por essa classe farmacológica pode agir sobre receptores alfa no coração, aumentando a resistencia ao fluxo sanguíneo, o que causa um aumento na pressão arterial. Claro que a predisposição à hipertensao cardíaca é revelada na anaminese, e dessa forma é mais facil traçar um prognóstico sem "prejudicar" muito o paciente. Comentei apenas por achar interessante esse ponte de Interação Medicamentosa. abraços

    By Blogger Fernando, at outubro 11, 2005  

  • Fernando, sempre é bom ressaltar esses aspectos tão importantes para o manejo dos pacientes. Muito bem lembrado :)

    By Anonymous Anônimo, at outubro 11, 2005  

  • Já que falaram de medicina e de farmácia, vou falar de literatura.
    O Jorge Luis Borges tinha glaucoma, o que fez com que viesse a perder a visão ainda no meio de sua vida.
    interessante ver que evoluem os estudos na área.

    By Blogger Luiz Roberto Lins Almeida, at outubro 14, 2005  

  • Sempre procuro a respeito do glaucoma sem pressão alta e pouco se fala sobre ele.A Minha pergunta é:Se o remédio tem o intuito de baixar a pressão ocular e manter as fibras nervosas,qual seria então a função do colírio nos casos de glaucoma sem pressão alta?

    By Blogger Unknown, at outubro 30, 2008  

Postar um comentário

<< Home